sábado, setembro 30, 2023

ESTADIO CARLOS DENARDIN

ESTÁDIO MUNICIPAL 

CARLOS DENARDIN

Transcrevemos abaixo duas matérias dos nossos arquivos sobre a construção do Estádio Carlos Denardin. O primeiro foi da nossa equipe de trabalho e pesquisa. A segunda é uma matéria produzida pelo  nosso querido e saudoso João Jayme Araújo.

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Estádio Municipal Carlos Denardin, também conhecido como Estádio Carlos Denardin, é um estádio da cidade de Santa Rosa, inaugurado em 23 de março de 1958. Mas, no ano anterior, em 1957, já havia sido disputado no novo estádio, o campeonato citadino daquele ano.

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Começamos contar a sobre o Estádio Municipal Carlos Denardin, retroagindo na história. O futebol de campo em Santa Rosa iniciou em 1925, com o surgimento do Uruguay Foot Ball Club, cujo campo, em que realizava seus jogos com equipes regionais, se localizava na Avenida Borges de Medeiros, a esquerda antes do atual trevo da RS 344, que dá acesso a Giruá. 

O Prefeito  (Interventor) Pautilho Palhares(1938/1944), com o objetivo de desenvolver e expandir a cidade, em nova área projetada constrói o prédio da nova prefeitura (hoje futuro Centro Cultural), em frente a Praça da Bandeira. Logo abaixo, a partir do Clube Concórdia até a Rua Santa Rosa, estava o cemitério da cidade. Este aos poucos foi sendo transferido para o local onde estava localizado o campo do Uruguay FBC com área ampliada.

Com o surgimento do Paladino FC (1946), do Juventus AC (1951) do EC Aliança (1952), entre outros que vieram a seguir, construiu-se, em mutirão, um novo estádio para a prática do futebol pelos clubes locais. A área escolhida foi onde está hoje localizada a fábrica nova da empresa Fratelli, na Avenida Borges de Medeiros, na confluência dos Rios Pessegueiro e Pessegueirinho, que corta a cidade. Por sua localização passou a ser denominado, pelos desportistas, Estádio da Baixada ou Estádio do Pessegueiro.  O seu cercamento era com estrutura de madeira, incluindo um pórtico de entrada e um corrimão para isolar a torcida do campo de jogo. Também havia uma arquibancada de madeira com cobertura. Grandes clássicos entre os clubes locais e regionais aconteceram neste estádio que deixaram na memória dos dirigentes, atletas e torcedores, principalmente o clássico denominado de Al-Pal (E.C. Aliança x Paladino F.C.). 

Em 1955, uma enchente transborda os leitos dos rios Pessegueiro e Pessegueirinho e invade o estádio, derrubando-o.  O fato entristeceu os desportistas que decidiram junto com os clubes partir para um novo estádio, esquecendo o Estádio Municipal do Pessegueiro.

A grande liderança da cidade na época, o empresário Avelino Lavarda, presidente da Liga Santa-rosense de Futebol,  assumiu a responsabilidade de prover uma solução para um novo campo.     Foi até a prefeitura  conversar com então Prefeito José Alfredo Nedel (1952/1955).  Como a construção do novo reduto implicaria em determinado tempo e o futebol não podia parar, a Guarnição local do Exercito Brasileiro cedeu gentilmente seu campo para os jogos amistosos e oficiais dos clubes locais.       E foi o que aconteceu por mais ou menos dois anos (1955 a 1956) quando, naquele estádio (ainda hoje existente), foram então realizados os jogos dos campeonatos municipais entre as equipes do Paladino, Aliança e Juventus. Uma área situada na Avenida América, centro da cidade, foi o local contemplado para a construção do novo estádio que foi, extraoficialmente, inaugurado em 1957 já com a disputa dos jogos do Campeonato Municipal de 1957, e, oficialmente inaugurado em janeiro de 1958, com uma disputa amistosa entre a seleção local e o Grêmio Foot Ball Porto-alegrense. A inauguração ocorreu na gestão do então prefeito Carlos Denardin (1956/1959).

Alguns relatos de desportistas que acompanharam a obra na época. Elíbio Friedrichs,  empresário da cidade, que viajava periodicamente a São Paulo para comprar automóveis novos, assistia jogos no Parque Antártica (Estádio do Palmeiras) e trouxe  algumas ideias para o novo estádio.  Em conversa com o Prefeito Nedel sugeriu que fosse ampliada a arquibancada de alvenaria/concreto. Para isso, havia que rebaixar a área destinada ao campo. Mas, o prefeito não aceitou a ideia dizendo que aquilo era o suficiente para o numero de habitantes da cidade.  

Para preservar o gramado, foi construído um sistema de drenagem, com a orientação de um técnico da empresa de abastecimento de água da cidade.

Quando da medição e enquadramento do gramado, um grupo de pessoas reunidas no local, discutiam como fazê-lo, pois não estavam exitosos no intuito do mesmo. Um desconhecido, sentado na arquibancada, observava tudo atentamente, quando desceu os degraus da mesma e se dirigiu ao grupo e sugeriu o método de fazer o enquadramento. E, deu certo.    

Do antigo estádio do Pessegueiro foi trazida para o novo estádio a arquibancada de madeira e foi colocada no lado oposto da nova arquibancada - essa construída em alvenaria/concreto – para ser mais preciso foi fincada ao lado onde hoje está situado o vestiário, construído em alvenaria, com túnel de acesso ao gramado. A mesma, com o tempo, foi se deteriorando e sendo retirada do local.

Um novo vestiário - com túnel de acesso ao gramado - foi inaugurado em dezembro de 1962 quando de um jogo amistoso entre as seleções de Santa Rosa x Cruz Alta, cujo vestiário tem como patrono Joaquim da Rocha Fagundes, desportista e ex-presidente da Liga Santa-rosense de Futebol

Onde está hoje a cobertura de metal havia uma arquibancada de madeira, com cobertura de telhas de barro, tipo francesa que em 1987 foi substituída. Nela estavam também, na parte superior, duas cabines de rádio.

O Estádio Municipal Carlos Denardin foi palco de jogos memoráveis, com casa cheia, com clubes como Paladino F.C e o. E. C. Aliança (clássico Al-Pal), Juventus A.C., G .E. Sepé Tiarajú, Bancários F.C., ASRE (Associação Santa-rosense de Esportes), Juventude F. C., e o Dínamo F.C. que por três anos consecutivos (1991 a 1993) disputou a Divisão Principal do futebol gaúcho.


 Da Baixada do Pessegueiro ao Carlos Denardin

Texto de João Jayme Araújo (in memoriam).

Tanto o Juventus como outros clubes de Santa Rosa, como o Paladino, Aliança, Sepé Tiaraju, entre outros, disputavam seus jogos no estádio localizado na beira do Rio Pessegueiro, na Avenida Borges de Medeiros, na saída para Giruá. Quando o velho campo do Pessegueiro, encerrava suas atividades, apareceu o dilema: onde jogaremos?

João Jayme Araújo nos conta: “conseguiu-se não sei como, “expropriação” de uma fração de terras de um cidadão excêntrico, que ninguém conheceu bem, dono de boa parte das terras da zona leste da cidade tratado por Americano.”

Segue ainda, dizendo: “Avelino Lavarda, arregaçou as mangas. Serviu-se de sua amizade e dos préstimos do comandante da guarnição militar. Este pôs à disposição soldados que a comando de Sargentos, dentre esses o Sargento Ramos, puseram mãos à obra. Barrancos foram moldados em forma de arquibancadas, concomitantemente com o enleivamento do campo.”

O grande mentor do Estádio Municipal


Prossegue: “Com o esforço de alguns e o tirocínio de outros, aí está, o Estádio Carlos Denardin, que leva este nome em homenagem ao Prefeito que exercia o mandato na época da construção e que teve forte influencia nas decisões para que a obra acontecesse, e, diga-se de passagem, também foi Presidente do Paladino.

Enquanto se trabalhava no Estádio Carlos Denardin, como mais uma prova do perfeito entrosamento entre as autoridades civis e militares, as partidas passaram a ser disputadas no Estádio do 1° Regimento de Cavalaria Motorizado.”

Finaliza dizendo: “Junto ao campo, separado dele, por uma pista de atletismo, havia uma construção de madeira, onde funcionava a seção de educação física, cuidada pelo Sargento Meneguel – o pai da Xuxa - e que servia de vestiário. Do outro lado, o pórtico que era utilizado para “cabines” de transmissão dos jogos pela Rádio Sulina, graças à competência do Paulo Régis.”

Carlos Denardin
Prefeito de então.


O Estádio Carlos Denardin foi inaugurado em 1959, e foi palco de grandes clássicos locais entre Paladino, Aliança e Juventus, principalmente na década de 1960, quando lotava o estádio nos grandes jogos, devido a rivalidade entre eles. O clássico Al-Pal (Aliança e Paladino) deve guardar em seus registros e na memória da pessoas, que o presenciaram na época, grandes momentos e fatos históricos.

Nas décadas de 1980 e 1990, brilhou neste estádio o Dínamo F.C., de 1986 a 1994, onde houve disputa de grandes clássicos regionais, jogos pelo Campeonato Gaúcho, da Segunda (1986 a1991 e 1995) e Primeira Divisão 1992 a1994. A partir de 1997, com a volta do Juventus ao futebol profissional, novamente voltaram os grandes jogos  no Estádio Carlos Denardin.

O Estádio Carlos Denardin sofreu reformulações, e hoje abriga principalmente os jogos dos Campeonatos do Juventus e o Campeonato Brasileiro Sub-20 da Primeira Divisão.

Colaborou para o texto: João Jayme Araújo (in memoriam).