sábado, maio 31, 2014

Memórias do nosso futebol

CAÇULA
Por Fernando Kronbauer 

O mundo do futebol é um baú de informações e histórias, repleto de sonhos, conquistas, desafios e superações. Hoje o Jornal Gazeta Regional conta um pouco da trajetória de um dos maiores Xerifões do interior do Rio Grande do Sul. Sim, é ele Carlos Osvaldo Hagemann Dauve, ou simplesmente Caçula.
Oriundo de uma família humilde, mas batalhadora da cidade de Santa Rosa, Caçula desde cedo conciliou trabalho e o futebol. No ano de 1983, aos 16 anos foi campeão estadual pelo CEBEM (Juventude da Vila Winkelmann), aos 17 anos foi Vice-campeão Municipal pelo Grêmio Santarosense.

Em 1984, aos 18 anos começou a traçar um longo e vitorioso caminho pelo Dínamo de Santa Rosa, equipe que no seu 1º ano de clube disputou Campeonatos Amadores, e no ano seguinte (1985), se profissionalizou juntamente com a equipe, formando por 4 anos dupla de zaga lendária e até hoje temida pelos adversários com o seu grande amigo Salcicha, dupla esta que é lembrada e comentada até hoje por esportistas e ex-esportistas do estado, pois eram comparados a renomada dupla de zaga Daison e João Pontes, que atuavam nas décadas de 60 e 70 pelo Gaúcho de Passo Fundo,que era considerada a melhor dupla de zaga do interior do Estado naquela década. Segundo Caçula, torcedores diziam que, “depois de Daison e João Pontes a dupla mais respeitada no interior do Estado era Salcicha e Caçula, dupla que atuou 5 anos juntas, pelas equipes do Dínamo de Santa Rosa e São Luiz de Ijuí.
Em 1989, Caçula foi em busca de novos caminhos e se transferiu para a equipe do são Luiz de Ijuí, aonde atuou por 6 anos. Durante os 6 anos foi titular, capitão, ovacionado e respeitado pela torcida, sondado pela dupla Grenal e emprestado ao Atlético Paranaense.
 No São Luiz de Ijuí, Caçula teve seu auge na carreira, sendo Campeão Gaúcho da Segunda Divisão no ano de 1990 e Vice-Campeão da Copa Governadores no ano de 1991, perdendo o título para a equipe do Internacional de Porto Alegre. Ano este que Caçula alcançou seu ápice, sendo cobiçado por vários clubes do Brasil, como a dupla Grenal, que não concretizaram suas negociações, por que esbararam na questão financeira solicitada por dirigentes do São Luiz de Ijuí. Também foi bastante lembrado pela imprensa do Estado, como na crônica escrita por Ruy Carlos Ostermann, no Jornal Zero Hora do dia 23 de julho de 1991, que falava sobre as perdas da equipe do São Luiz de Ijuí para a decisão contra o Internacional, na qual dizia o seguinte: “Caçula, brilhante Zagueiro de marcação, está fora por terceiro cartão amarelo. Gostei demais de vê-lo sábado passado contra o Grêmio. Sai para a marcação do centroavante adversário, acompanha-o nos dois lados, o que dá origem ao líbero Newmar na mesma medida em que anula as tentativas de ataque que cogitem da participação do centroavante. E, ao mesmo tempo, o que é muito fácil de compreender, adianta a linha de marcação e coloca com facilidade o time todo mais avançado sobre o campo adversário. Mas há qualidade pessoal envolvida nisso não apenas um esquema de marcação um pouco menos ortodoxo: Caçula é ótimo, ágil, tem magnífica percepção do tempo da jogada, uma clara compreensão dos movimentos do adversário combinado com as ações dos companheiros de sua defesa, é forte, cabeceia bem e sabe marcar a partir do princípio de que o bom marcador é aquele que sempre está entre quem cabe ser marcado e a goleira a ser defendida. Nunca, ao lado, que promove a falta como correção, nunca à frente que patrocina as melhores expulsões da temporada e os fracassos mais simples, sempre atrás como um caçador” (Palavras de Ruy Carlos Ostermann).
No ano de 1992, Caçula foi emprestado pelo São Luiz de Ijuí à equipe do Atlético Paranaense para a disputa do Campeonato Brasileiro daquele ano. Logo na chegada, Caçula se adaptou ao estilo de jogo da equipe e foi promovido a titularidade, disputou algumas partidas, mas uma sequência de lesões o afastou dos jogos, tirando a sequências de jogos do defensor.
No ano de 1993, Caçula voltou para o São Luiz de Ijuí com a frase “Esta área tem dono”, onde atuou até o ano 1995, quando decidiu buscar novos desafios em sua carreira e no ano de 1996 se transferiu para equipe do Pelotas, para a disputa do Campeonato Gaúcho daquele ano. Foram poucas partidas pela equipe e uma séria lesão no joelho. Submetido a cirurgia, Caçula nunca imaginaria que aquela data seria o fim de sua carreira, mas isso aconteceu, após um cirurgia mal sucedida.  Caçula teve que abandonar a sua carreira de jogador, sendo o fim de uma história que durou 12 anos.

Ao ser questionado sobre os clássicos e a pressão da torcida nos anos que atuou,
Caçula lembra que quem jogou clássicos contra o Tupi em Crissiumal, Oriental e Botafogo em Três de Maio e TAC de Três Passos estava vacinado a disputar qualquer campeonato em qualquer estádio do Brasil, pois Caçula disputou jogos em estádio com mais 35 mil torcedores e não sentiu tanta pressão como nos clássicos regionais.
Ainda, quando perguntado sobre qual foi o pior atacante a ser marcado, e qual a sua maior lembrança da carreira, ele lembra que Renato Portaluppi era muito ruim de ser marcado pelo fato de ser muito rápido e possuir muita força física. Das lembranças, Caçula lembra da partida em que o São Luiz de Ijuí parou a seleção Brasileira em um jogo treino, no ano de 1991, que terminou empatado em 0 a 0. O jogo era preparatório para a Copa América e a Seleção Brasileira contava no seu elenco com Taffarel, Cafú, Branco, Renato Portaluppi, , entre outros jogadores que foram campeões mundiais no ano de 1994.

Caçula ainda frisa, que as crianças de hoje em dia que pensam em virar jogadores de futebol profissional, não devem desistir de seus sonhos, mas sempre pensar nos estudos, conciliando o sonho com os estudos, pois ninguém sabe o quanto tempo pode durar um carreira no futebol.

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