RIVALIDADE... ÀS VEZES ATÉ DEMAIS!
Transcorria a primeira metade dos anos 80. O futsal (
na época futebol de salão, com suas regras próprias) em Santa Rosa e na região
estava em
alta. O Juventus,
com extraordinário plantel, formado por atletas locais que representava muito
bem nossa cidade. Todos, trabalhadores, estudantes, que convocados, praticavam
um futebol coletivo, requintado, que encantava o torcedor que lotava as
arquibancadas do ginásio municipal. Vale lembrar: Renato, no gol; Babá ala
direita, Chico Faco(Zoelher) como fixo e na ala esquerda, ora Chico Tim com seu
canhotaco, e ora Alfredo Moroni com sua técnica
apurada; na frente o extraordinário
Adonis, que com seus dribles encantava a todos; ainda tinha Luisinho Giordani(no
gol), Kika, César, entre outros... e como técnico, o competente Edgar Massotti.
No
que podia, acompanhava os jogos em casa. Relato um episódio que aconteceu aqui e em Horizontina. Lá se
destacava um time formado por também pratas da casa, que carregava o nome de Os
Insetos. Ambos integravam a mesma chave, pelo campeonato estadual daquele ano. O
primeiro duelo aconteceu aqui. O nosso ginásio lotado, com torcedores dos dois
lados, a maioria nossos. O juventinho,
como era chamado carinhosamente, não jogava mal, mas esbarrava num ferrolho
suíço, intransponível, armado pelo técnico adversário, pois, sabia da
capacidade do nosso time. Num contra ataque, o frente deles, lembro até o nome,
Vicente, abre o placar, quase no final
do jogo e o Juventus não consegue reação e a contenda termina com muitas provocações.
Era clássico, e vencer o Juventus aqui, era uma façanha e tanto.
Poucos
dias depois, num sábado à noite, foi o jogo na casa dos Insetos, no ginásio
Edio Sthol, em
Horizontina. Vários
ônibus lotados de torcedores juventinos se deslocaram para lá. Foi organizado um forte policiamento nas
cercanias e dentro do local do jogo, pois, o mesmo prometia. Os torcedores
daqui, em bloco, protegidos pela policia, ficaram isolados na arquibancada, sem
contato com o restante dos torcedores. Recém iniciado o jogo e os Insetos parte
em massa e abre o placar. O ginásio, quase veio abaixo. Histeria total. Aos
poucos, nossos meninos foram acertando
na quadra e tomaram conta do jogo. Já no primeiro tempo encerrava com uma grande virada. Nós estávamos
em êxtase. Na casa deles, lotada, e vencendo. Era o máximo. Mal podíamos
esperar o que poderia acontecer. Nossos atletas, empurrados pela nossa torcida,
continuaram fazendo gols. Não lembro
bem, mas acredito que já estávamos no sexto gol. O tumulto começou. O
policiamento estava com dificuldade de conter os irados insetívoros pelo revés
determinado por nossos garotos. Antes de terminar o jogo, faltando alguns
minutos, o policiamento recolheu nossos torcedores e encaminharam sob sua proteção
aos ônibus. Rumamos em comboio, também sob proteção policial em direção a Três
de Maio. Nossa surpresa, quando já alguns quilômetros percorridos, de um
barranco da estrada, na passagem dos ônibus, pedras espocaram sobre o teto dos
coletivos. Prontamente a policia interveio, mas não surpreendeu ninguém. Nas
proximidades de Três de Maio, o comboio foi liberado. Já era madrugada quando
adentramos na cidade, pelo Bairro
Cruzeiro. Salvos? Ainda não! Numa mistura de alegria e apreensão, discorríamos
sobre o jogo e os acontecimentos da noite, quando de repente, não sei como, no
transcurso da Avenida Expedicionário Weber, houve um abalroamento entre os
ônibus e mais alguns veículos do comboio. Foi tudo muito de repente. Houve
alguns feridos, mas pouca coisa. Lembro que, quando do choque bati meu pescoço
na guarda do banco a minha frente. Sem gravidade. Ficamos por um bom tempo
parado. Fomos alcançados pela delegação dos atletas. Como a liberação dos
veículos estava demorada, partimos, com mais dois amigos, a pé, pois, já era
madrugada, quase de manha, até a Praça Independência, ponto de partida da
excursão e onde estava estacionado nosso veículo. Foi uma noite inesquecível, de
alegria e muita apreensão, mas que valeu pela experiência e dela tomar as
lições. Foi o único jogo do Juventus que assisti jogando na casa do adversário.
Foi uma experiência e tanto. Mas valeu...
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