CAÇULA
Por Fernando Kronbauer

Oriundo de uma família humilde, mas batalhadora da
cidade de Santa Rosa, Caçula desde cedo conciliou trabalho e o futebol. No ano
de 1983, aos 16 anos foi campeão estadual pelo CEBEM (Juventude da Vila
Winkelmann), aos 17 anos foi Vice-campeão Municipal pelo Grêmio Santarosense.
Em 1984, aos 18 anos começou a traçar um longo e
vitorioso caminho pelo Dínamo de Santa Rosa, equipe que no seu 1º ano de clube
disputou Campeonatos Amadores, e no ano seguinte (1985), se profissionalizou
juntamente com a equipe, formando por 4 anos dupla de zaga lendária e até hoje
temida pelos adversários com o seu grande amigo Salcicha, dupla esta que é
lembrada e comentada até hoje por esportistas e ex-esportistas do estado, pois
eram comparados a renomada dupla de zaga Daison e João Pontes, que atuavam nas
décadas de 60 e 70 pelo Gaúcho de Passo Fundo,que era considerada a melhor
dupla de zaga do interior do Estado naquela década. Segundo Caçula, torcedores
diziam que, “depois de Daison e João Pontes a dupla mais respeitada no interior
do Estado era Salcicha e Caçula, dupla que atuou 5 anos juntas, pelas equipes
do Dínamo de Santa Rosa e São Luiz de Ijuí.
Em 1989, Caçula foi em busca de novos caminhos e se
transferiu para a equipe do são Luiz de Ijuí, aonde atuou por 6 anos. Durante
os 6 anos foi titular, capitão, ovacionado e respeitado pela torcida, sondado
pela dupla Grenal e emprestado ao Atlético Paranaense.
No São Luiz de
Ijuí, Caçula teve seu auge na carreira, sendo Campeão Gaúcho da Segunda Divisão
no ano de 1990 e Vice-Campeão da Copa Governadores no ano de 1991, perdendo o
título para a equipe do Internacional de Porto Alegre. Ano este que Caçula
alcançou seu ápice, sendo cobiçado por vários clubes do Brasil, como a dupla
Grenal, que não concretizaram suas negociações, por que esbararam na questão
financeira solicitada por dirigentes do São Luiz de Ijuí. Também foi bastante
lembrado pela imprensa do Estado, como na crônica escrita por Ruy Carlos
Ostermann, no Jornal Zero Hora do dia 23 de julho de 1991, que falava sobre as
perdas da equipe do São Luiz de Ijuí para a decisão contra o Internacional, na
qual dizia o seguinte: “Caçula, brilhante Zagueiro de marcação, está fora por
terceiro cartão amarelo. Gostei demais de vê-lo sábado passado contra o Grêmio.
Sai para a marcação do centroavante adversário, acompanha-o nos dois lados, o
que dá origem ao líbero Newmar na mesma medida em que anula as tentativas de
ataque que cogitem da participação do centroavante. E, ao mesmo tempo, o que é
muito fácil de compreender, adianta a linha de marcação e coloca com facilidade
o time todo mais avançado sobre o campo adversário. Mas há qualidade pessoal
envolvida nisso não apenas um esquema de marcação um pouco menos ortodoxo:
Caçula é ótimo, ágil, tem magnífica percepção do tempo da jogada, uma clara
compreensão dos movimentos do adversário combinado com as ações dos
companheiros de sua defesa, é forte, cabeceia bem e sabe marcar a partir do
princípio de que o bom marcador é aquele que sempre está entre quem cabe ser
marcado e a goleira a ser defendida. Nunca, ao lado, que promove a falta como
correção, nunca à frente que patrocina as melhores expulsões da temporada e os
fracassos mais simples, sempre atrás como um caçador” (Palavras de Ruy Carlos
Ostermann).
No ano de 1992, Caçula foi emprestado pelo São Luiz
de Ijuí à equipe do Atlético Paranaense para a disputa do Campeonato Brasileiro
daquele ano. Logo na chegada, Caçula se adaptou ao estilo de jogo da equipe e
foi promovido a titularidade, disputou algumas partidas, mas uma sequência de
lesões o afastou dos jogos, tirando a sequências de jogos do defensor.
No ano de 1993, Caçula voltou para o São Luiz de Ijuí
com a frase “Esta área tem dono”, onde atuou até o ano 1995, quando decidiu
buscar novos desafios em sua carreira e no ano de 1996 se transferiu para
equipe do Pelotas, para a disputa do Campeonato Gaúcho daquele ano. Foram
poucas partidas pela equipe e uma séria lesão no joelho. Submetido a cirurgia,
Caçula nunca imaginaria que aquela data seria o fim de sua carreira, mas isso
aconteceu, após um cirurgia mal sucedida. Caçula teve que abandonar a sua
carreira de jogador, sendo o fim de uma história que durou 12 anos.
Ao ser questionado sobre os clássicos e a pressão da
torcida nos anos que atuou,
Caçula lembra que quem jogou clássicos contra o
Tupi em Crissiumal, Oriental e Botafogo em Três de Maio e TAC de Três Passos
estava vacinado a disputar qualquer campeonato em qualquer estádio do Brasil,
pois Caçula disputou jogos em estádio com mais 35 mil torcedores e não sentiu
tanta pressão como nos clássicos regionais.
Ainda, quando perguntado sobre qual foi o pior
atacante a ser marcado, e qual a sua maior lembrança da carreira, ele lembra
que Renato Portaluppi era muito ruim de ser marcado pelo fato de ser muito
rápido e possuir muita força física. Das lembranças, Caçula lembra da partida
em que o São Luiz de Ijuí parou a seleção Brasileira em um jogo treino, no ano
de 1991, que terminou empatado em 0 a 0. O jogo era preparatório para a Copa
América e a Seleção Brasileira contava no seu elenco com Taffarel, Cafú,
Branco, Renato Portaluppi, , entre outros jogadores que foram campeões mundiais
no ano de 1994.
Caçula ainda frisa, que as crianças de hoje em dia
que pensam em virar jogadores de futebol profissional, não devem desistir de
seus sonhos, mas sempre pensar nos estudos, conciliando
o sonho com os estudos, pois ninguém sabe o quanto tempo pode durar um carreira
no futebol.