PALADINO 70 ANOS - PARTE III
Aliança x Paladino: famoso clássico ALPALque agitava o futebol nas tardes de domingo
A rivalidade é o principal combustível do maior esporte mundia, o futebol! Seguindo esta linha de pensamento o Jornal Gazeta Regional entrevistou o Senhor Raul Meneguini, ex-jogador do E.C. Aliança, por nos contar um pouco das histórias desta rivalidade que havia entre o E.C. Aliança e o Paladino F.C. É a história do clássico contada por um rival.
Inicialmente necessário se dizer que a sigla ALPAL foi e continua sendo uma denominação simplificada para a identificação
dos dois clubes de futebol de campo e de maior torcida da cidade de Santa Rosa,
RS; assim usada quando dos confrontos entre as equipes do E. C. Aliança e o Paladino
F. C., clássicos esses acontecidos, ininterruptamente, no período de 1952 até
1970.
Clássico é Clássico e o ALPAL
não fugia a regra, havia muita rivalidade - dentro e fora do campo de jogo -
entre os seus respectivos dirigentes, torcedores e atletas; os seus dirigentes se reuniam ordinariamente
e até extraordinariamente na semana que antecedia o Clássico ALPAL, e, nelas articulavam,
entre si, as possíveis ações do co-irmão, o seu maior rival; a qualquer manobra
descoberta vindas do seu adversário - em muitas ocasiões eram até trazidas aos
seus ouvidos pelos corneteiros de plantão - provocavam as devidas e indevidas
reações; reciprocamente não se temiam, mas, se respeitavam; e, a rivalidade era de tamanha
dimensão que era inconcebível que os atletas
da dupla ALPAL – nas horas de folga pudessem andar juntos sob pena de se
lançar a nódoa da extrema suspeição e o imediato enquadramento como atletas
inconfiáveis aos interesses dos seus clubes; o coração batia mais forte, por
vezes alguns mais exaltados. Às vezes confusões dentro e fora do campo de jogo.
Era Clássico. Fazia parte do contexto. Mas, tudo era dominado e o Clássico
continuava ou continuou e, infelizmente acabou no ano de 1970.
Guardadas as proporções, não era menos eletrizante quanto aquele
disputado na Azenha e Menino Deus, na capital.
Os estádios, inicialmente no
Municipal do Pessegueiro (1952 até 1954), depois no Campo do 19º RCMEC (1955 e
1956) e finalmente no Municipal Carlos Denardin (1957 até 1970), ficavam com
sua lotação esgotada; os ditos Clássicos sempre eram realizados nos domingos à
tarde, era uma grande festa.
A divulgação do Clássico dava-se principalmente através da imprensa
falada e escrita da cidade, nela o noticiário e as entrevistas com atletas e
dirigentes, envolvendo matéria de todos os setores dos dois clubes e até com
programas especiais, como o que era realizado na Rádio Sulina, com a sua programação,
dirigida pelo departamento de esportes do E. C. Aliança, denominada CLARINADA TRICOLOR.
Os campeonatos municipais eram, naquele período, disputados entre 06
(seis) clubes, Paladino F. C., Juventus A. C.- E. C. Aliança, G. E. Sepé Tiarajú, Bancários F.
C. e o Juventude F. C.
No período em que aconteceram os clássicos ALPAL (1952 a 1970), somente no ano de 1960 fugiu da dupla ALPAL o título de campeão - a única
exceção aconteceu em 1960, conquistado pelo co-irmão o G. E. Sepé Tiarajú.
Os títulos de campeão citadino de futebol pelo Paladino F. C. aconteceram
nos anos de 1952,1953,1961,1962,1964,1966,1967,1970 – totalizando 08 (oito)
títulos.
Os títulos de campeão citadino de futebol pelo E. C. Aliança aconteceram
nos anos de 1954,1955,1956,1957,1958,1959, 1963, 1965, 1968 e 1969 -
totalizando 10 (dez) títulos.
2. Em relação ao futebol atual, o que
diferencia do futebol da época?
Nos dias
de hoje tudo ajuda para que se jogue melhor o futebol, por exemplo: a bola, os
gramados, os salários, os uniformes, as concentrações, os melhores hotéis, as
chuteiras, as viagens, tudo. Até a variedade de jogos transmitidos pela TV colaboram
no aprendizado, nas informações instantâneas que chegam de todos os centros
futebolísticos do mundo. Entretanto, tem muitas coisas para serem aperfeiçoadas.
Mas não dá para fazer comparações com antigamente nestes itens que mencionei.
Como lado negativo penso
que está, ao meu juízo, nas constantes trocas de planteis, resultando, em
conseqüência, na perda de identidade dos atletas na relação paixão ao Clube.
Parece-me que antigamente os jogadores se apegavam mais ao clube; torcedores
sabiam de cor as escalações do seu time e do adversário e, até a curiosidade do
público torcedor que acorriam aos estádios porque queriam também ver os bons
jogadores das equipes adversárias.
Outro lado negativo está na
inexistência de jogadores que aliam mais a técnica ao físico; hoje quase não se
vê mais o craque de futebol com técnica refinada; o que mais se vê nos estádios
são atletas que não oferecem ao público o que ele público mais gosta, ou seja,
a jogada aleatória (o drible desconcertante, a ginga de corpo, etc.), fugindo
do sistema tático pragmático, das jogadas mecânicas.
3. Faça uma relação do Futebol atual x Futebol nos anos 60/70:
Hoje em dia no futebol tu tens que ser muito mais atleta, os espaços diminuíram, a competitividade é enorme. Nos anos 60/70 o mais comum era jogar no 4-3-3 clássico.
4. Conte-nos uma historia do clássico que lhe marcou
Em 1964 jogávamos pelo E. C.
Aliança contra o Paladino F. C. o Clássico ALPAL, a partida era de final do
campeonato citadino, quem ganhasse o jogo seria o campeão; pela metade do
primeiro tempo o Paladino vencia pelo escore de 1x0; numa bola levantada na
área do Aliança um choque casual, cabeceamos eu e o Canelão (a dupla de zaga do
Aliança), batemos testa contra rosto. Ele continuou no campo de jogo. Eu saí do
campo desacordado com corte no lábio superior, fui levado às pressas para o
Hospital de Caridade, lá fui atendido pelo Dr. Livio Cecconi; quando retornei já
pela metade do segundo tempo o escore do derby já estava em 3x0 para o Paladino
F. C.; o nosso técnico Decio Zoehler me olhou e concluiu que mesmo como estava
poderia ingressar no campo de jogo, ingressei só que a bola corria para um lado
e eu para outro, continuava ainda desorientado. Obs. Naquela época não era
permitido substituir qualquer atleta após início da partida. Hoje, tal fato,
seria solucionado pela substituição do atleta. Éramos todos amadores no sentido
de que queríamos apenas jogar, o que importava era jogar, acima de tudo. Não
nos importávamos com mais nada.
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